Ingrid guimarães e american airlines: brasileiros fazem reclamações em massa no perfil da empresa. Foto: reprodução / areoin.

Ingrid Guimarães e American Airlines: brasileiros fazem reclamações em massa no perfil da empresa

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Atriz afirmou ser escolhida “por ser mulher sozinha” e denunciou coação para ceder assento em um voo da companhia. Caso gera revolta nas redes e levanta debate sobre direitos do consumidor. Entenda

No último domingo, dia 9, a atriz Ingrid Guimarães usou suas redes sociais para relatar um ocorrido “abusivo”. O caso aconteceu durante um voo da American Airlines, de Nova York para o Rio de Janeiro. Nele, a atriz foi solicitada a ceder seu assento na classe Economy para um ageiro da primeira classe devido a um assento quebrado. Ao recusar a troca, ela enfrentou ameaças e humilhação pública por parte da tripulação. O ocorrido gerou diversos debates sobre legislação e discriminação de gênero. Entenda:

Entenda o caso

A atriz Ingrid Guimarães relatou ter sido coagida a ceder seu assento na classe Economy para um ageiro da primeira classe durante um voo da American Airlines. Foto: Reprodução / Instagram.

Segundo Ingrid, no dia 07 de março, quando já estava acomodada e com o cinto de segurança afivelado, um funcionário da companhia aérea pediu que ela saísse de seu lugar e se dirigisse à classe econômica. O motivo apresentado foi um assento quebrado na classe executiva, o que exigiria que a pessoa da executiva ocue o lugar de Ingrid. A atriz recusou a solicitação, afirmando que não conhecia tal regra e que havia pago pelo assento.

A partir de sua negativa, Ingrid relatou ter sido submetida a coerção e ameaças por parte da tripulação. Funcionários afirmaram que ela nunca mais poderia voar com a American Airlines e que o voo não sairia do solo até que ela deixasse o lugar. Ingrid contou que, durante esse momento, não houve explicações detalhadas ou tentativas de negociação por parte da equipe, apenas ameaças para que ela se levantasse do assento.

“Agora eu te pergunto; o que eu tenho a ver com a cadeira quebrada da executiva dos outros? Não deveriam oferecer para outras pessoas também talvez uma bonificação, ou alguém que quisesse ir por um desconto. Uma negociação e, não, uma imposição?”

Ingrid Guimarães em seu perfil no X.

A situação se agravou quando uma funcionária, aparentemente irritada, anunciou pelo microfone que todos os ageiros do avião teriam que desembarcar por causa da recusa de Ingrid. Além disso, a mesma funcionária apontou para a atriz, expondo-a publicamente e gerando constrangimento entre os ageiros, que aram a gritar com ela. Ingrid relatou que, sob pressão pública, acabou cedendo e foi para a classe econômica.

Ingrid relatou que, durante o incidente, sua irmã e seu cunhado tentaram intervir e explicar a situação para a tripulação. No entanto, a resposta recebida foi ríspida e desrespeitosa: a funcionária mandou-os calar a boca. Segundo ela, o único comissário brasileiro presente ainda fez uma ameaça direta, dizendo: “Querida, é melhor você sair por bem ou por mal”.

Ingrid também destacou que, em troca, recebeu apenas um voucher de desconto de 300 dólares para a próxima agem, sem maiores explicações. Ela questionou o motivo de ter sido escolhida para ceder o lugar e mencionou que a justificativa dada foi o fato de estar viajando sozinha. A atriz finalizou seu relato destacando a necessidade de um tratamento melhor aos brasileiros por companhias aéreas, especialmente considerando o esforço financeiro necessário para adquirir agens internacionais.

Coação, abuso moral, desrespeito e ameaças. Em troca deram um voucher sem me explicar nada, apenas um papel na minha mão (que achei que fosse a nova agem) dizendo que eu tinha um descontinho de US$ 300 dólares na próxima agem. Inacreditável!

Ingrid Guimarães em seu perfil no X.

Repercussão nas redes sociais

O relato de Ingrid Guimarães gerou uma onda de indignação nas redes sociais, com muitos brasileiros expressando apoio à atriz. Foto: Captura de Tela / Alexandre Marques.

A repercussão do relato de Ingrid Guimarães nas redes sociais foi imediata e intensa. Internautas brasileiros se mobilizaram rapidamente, expressando indignação e solidariedade com a atriz. Muitos usuários compartilharam suas próprias experiências negativas com companhias aéreas, ampliando o debate sobre o tratamento dado aos ageiros.

Um exemplo claro da revolta dos brasileiros foi a enxurrada de comentários negativos, até o momento são cerca de 101 mil comentários, que a American Airlines recebeu em uma publicação sobre o Dia Internacional da Mulher no Instagram. A postagem, que tinha a intenção de celebrar a data, foi inundada por críticas e mensagens de apoio a atriz. Usuários apontaram a hipocrisia da empresa em desejar um feliz Dia da Mulher enquanto tratava uma ageira de forma desrespeitosa. A atriz, inclusive, comentou na publicação, agradecendo o apoio dos brasileiros e ressaltando a importância de lutar por um tratamento digno para todos.

“Muito bonito desejar feliz dia da mulher e humilhar uma mulher brasileira no mesmo dia no voo de vocês! Tomara que paguem na justiça!”

Usuário Tales Yamaguchi em comentário no post da American Airlines no Instagram.

A empresa pode forçar o ageiro a trocar de assento? O que diz a legislação sobre o tema?

Tanto a legislação brasileira quanto a americana permitem a realocação de ageiros em casos excepcionais. Foto: Kelly / Pexels.

A questão de uma empresa aérea forçar um ageiro a trocar de assento é complexa e envolve diferentes legislações. No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) estabelece que a troca de assentos não é obrigatória, exceto em casos específicos de segurança ou normas da companhia aérea. Por exemplo, ageiros menores de 16 anos devem estar acompanhados por um adulto, mas isso não garante um assento específico. A troca de assentos deve ser feita de maneira razoável e não arbitrária, respeitando os direitos dos ageiros.

Nos Estados Unidos, as companhias aéreas seguem o Contract of Carriage, que estabelece as regras para realocações, cancelamentos e outras diretrizes operacionais. Esse contrato pode prever situações excepcionais em que um ageiro seja realocado para outra classe ou assento, especialmente devido a problemas operacionais, como um assento danificado. No entanto, a realocação deve ocorrer de maneira razoável, sem caráter arbitrário ou discriminatório. Caso a companhia aérea viole esse contrato, o ageiro pode buscar reparação nos órgãos de defesa do consumidor dos Estados Unidos, como o Department of Transportation (DOT).

Em ambos os países, a companhia aérea tem autoridade para solicitar a troca de assentos sempre que necessário para garantir a segurança do voo. No entanto, o ageiro deve ser informado sobre o motivo da mudança de assento, especialmente quando ele adquiriu um assento específico. Em caso de situação abusiva, o ageiro tem direito ao ressarcimento. No Brasil, os artigos 14 e 20 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelecem que o fornecedor deve responder por danos causados durante a prestação do serviço. Em caso de inadequação do serviço, o consumidor pode exigir a execução forçada conforme contratado ou o reembolso.

No caso específico de Ingrid Guimarães, a situação foi considerada abusiva, pois a atriz foi coagida a ceder seu assento na classe Economy para um ageiro da classe executiva devido a um assento quebrado. A abordagem da tripulação foi considerada inadequada e desrespeitosa, gerando constrangimento público e indignação entre os ageiros.

Questões de gênero e discriminação

O caso levantou preocupações sobre discriminação de gênero. Foto: Reprodução / Experiências pelo Mundo.

O episódio envolvendo Ingrid Guimarães durante o voo da American Airlines levantou preocupações significativas sobre discriminação de gênero. Segundo relato da própria atriz, o critério para ela ter sido escolhida para ceder seu lugar na Economy — a classe Economy oferece mais espaço para as pernas, assentos mais confortáveis, serviço de bordo aprimorado e embarque prioritário, enquanto a Classe Econômica tem assentos mais compactos e serviço padrão — foi o fato dela ser mulher e estar viajando sozinha.

Essa justificativa aponta para um tratamento potencialmente desigual baseado no gênero, sugerindo que mulheres desacompanhadas possam ser vistas como alvos mais fáceis para solicitações inconvenientes ou injustas. O caso ganhou ainda mais repercussão porque a atriz pousou no Rio de Janeiro, encerrando seu voo com a empresa, justamente no Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

Relatos comuns incluem a solicitação de troca de assentos, ausência de acomodações adequadas e falta de consideração pelas necessidades específicas das mulheres. Esses exemplos evidenciam como as normas e práticas de certas empresas podem perpetuar desigualdades de gênero, exigindo uma análise crítica e mudanças nas políticas corporativas para garantir um tratamento justo e equitativo para todos os ageiros.

Ingrid Guimarães foi escolhida para ceder seu assento por estar viajando sozinha. Foto: Captura de Tela / Alexandre Marques.

A questão da discriminação de gênero também é respaldada por legislações e políticas globais que defendem a igualdade de direitos. Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, leis e diretrizes são estabelecidas para proteger os indivíduos contra qualquer forma de discriminação, incluindo a de gênero. A conscientização e a denúncia de casos como o de Ingrid Guimarães são essenciais para promover mudanças positivas. A indignação da atriz e a solidariedade demonstrada por seus seguidores nas redes sociais refletem a visibilidade voltada para a luta por igualdade e justiça, incentivando mudanças nas práticas das empresas e na legislação.

Posicionamento da American Airlines

A American Airlines pediu desculpas pelo ocorrido e afirmou estar em contato com Ingrid Guimarães para entender melhor a situação e resolver a questão. Foto: Reprodução / Transporte moderno.

Procurada pelo G1 na segunda-feira, dia 10 de março, a American Airlines divulgou um comunicado inicial em resposta ao incidente envolvendo a atriz Ingrid Guimarães:

Nosso objetivo é proporcionar uma experiência de viagem positiva e segura para todos os nossos ageiros. Um membro da nossa equipe está entrando em contato com a cliente para entender mais sobre sua experiência e resolver a questão.

Comunicado da American Airlines para a imprensa.

O que achou desse caso envolvendo a atriz Ingrid Guimarães? Conta pra gente nos comentários!

Veja também:

Fontes: American Airlines e G1.

Revisado por Gabriel Princesval em 11/03/2025

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