Quanto o preço do iphone deve aumentar com a guerra tarifária?

Quanto o preço do iPhone deve aumentar com a guerra tarifária? 6g4i4x

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Tarifas dos EUA colocam a Apple em um dilema: tanto transferir a produção para dentro do país quanto mantê-la na Ásia pode encarecer os iPhones inclusive no Brasil. Entenda.

Grande parte dos aparelhos eletrônicos mais populares são produzidos na China, que, agora, deve enfrentar uma tarifa que chega a 145%, determinada pelo governo de Donald Trump. Com isso, o preço do iPhone, um dos smartphones mais utilizados no mundo, deve aumentar – independentemente se a produção mantivesse na Ásia ou se a Apple conseguisse transferi-la para o mercado interno, dizem analistas de mercado. Entenda, neste texto, o que é o tarifaço, como ele deve impactar o preço dos aparelhos da Apple e quanto o iPhone deve ar a custar. n6x5n

O que é a “Guerra Tarifária” dos EUA? 3y5x16

Donald Trump exibindo tabela de tarifas recíprocas – Imagem: Reprodução/Carlos Barria/Reuters

A Guerra Tarifária dos Estados Unidos, apelidada no Brasil de tarifaço, é um conflito comercial que tem agitado as relações econômicas do governo Trump nestes primeiros meses do ano. A estratégia envolve a imposição de tarifas elevadas sobre importações de diversos países, com o objetivo declarado de proteger a indústria nacional, reduzir o déficit comercial e trazer de volta empregos manufatureiros para os EUA.

Desde o início do ano, os EUA têm aplicado sobretaxas significativas a produtos como aço, alumínio, eletrônicos e até bens agrícolas, afetando especialmente nações exportadoras como Índia (26%), Vietnã (46%), Taiwan (32%), Coreia do Sul (25%), Japão (24%) e Brasil (10%). Em resposta, os países estão retaliando com tarifas próprias, criando um efeito dominó que eleva os custos de comércio e ameaça a estabilidade da economia global.

Utilizando a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), a istração Trump impôs sucessivas camadas de tarifas, culminando em uma tarifa total cumulativa de 145% sobre produtos da China e Hong Kong. Nesta sexta-feira, 11, a China respondeu aumentando novamente as tarifas de importados dos EUA de 84% para 125%.

No Brasil, o termo tarifaço ganhou força na imprensa e entre economistas para descrever o impacto dessas barreiras, que encarecem importações e pressionam setores dependentes de insumos estrangeiros, como a indústria de tecnologia, incluindo a Apple, que tem na cadeia de suprimentos países como Índia, Taiwan e China, onde continua concentrada maior parte da produção dos iPhones.

Por que as tarifas podem impactar o preço do iPhone? 475840

Demonstração da composição de um iPhone pela linha de produção – Imagem: WSJ

A Apple depende fortemente da China para a montagem de seus produtos. Segundo a Counterpoint Research, até 80% dos iPhones destinados ao mercado americano são fabricados lá. Se tarifas de importação forem aplicadas sobre esses aparelhos ao entrarem nos EUA, a Apple enfrentará um grande aumento em seus custos de produção.

Para os analistas, a empresa tem algumas opções: absorver esses custos, o que poderia impactar suas margens de lucro (embora analistas como Dipanjan Chatterjee, da Forrester, notem que as margens da Apple são bem “lucrativas”), ou rear o aumento para os consumidores. Dada a forte lealdade à marca, alguns analistas acreditam que a Apple poderia aumentar os preços sem uma debandada de clientes para concorrentes que utilizam o Android, como Samsung, Motorola, Xiaomi e outras.

Embora a empresa venha tentando diversificar sua produção, movendo parte para países como Índia e Vietnã, e até tenha fretado voos para levar iPhones da Índia aos EUA (cerca de 600 toneladas) nos últimos dias, analistas como Dan Ives, da Wedbush Securities, alertam que esse processo de mover grande parte da cadeia de suprimentos para fora da Ásia (especialmente para os EUA) levaria anos e custaria bilhões de dólares (ele estima 3 anos e US$ 30 bilhões para mover apenas 10%), o que, a curto prazo, não resolve a questão do preço.

Previsões de preços para o Brasil e EUA 616b47

Aumento do iPhone pode impactar o Brasil – Imagem: Apple

Muitos analistas falam em aumentos de “centenas de dólares”.

  • A firma de investimentos UBS calculou que, com uma tarifa de 125% sobre produtos chineses, o iPhone 16 Pro Max (256GB, feito na China) poderia saltar de US$ 1.199 para US$ 1.999.
  • Modelos feitos na Índia, como o iPhone 16 Pro (128GB), teriam um aumento menor, estimado pela UBS em 5% (de US$ 999 para US$ 1.046), caso as tarifas sobre a Índia permaneçam suspensas.
  • Dan Ives, da Wedbush Securities, sugere que um iPhone fabricado pela empresa em solo estadunidense poderia custar até US$ 3.500.
  • Mark Gurman, do Bloomberg, afirma que o valor pode realmente ultraar os US$ 1.000, mas que estimativas como as de Dan Ives são absurdas e que a Apple deve combinar ações para amortecer o valor final.
  • Já quanto ao futuro, analistas da Rosenblatt Securities (via Reuters) estimam que os preços da linha iPhone 17 poderia começar em US$ 1.799 (iPhone 17) até US$ 2.300 (iPhone 17 Pro Max).

Vale lembrar que o Brasil também tem linha de montagem de iPhones pela taiwanesa Foxconn, em Jundiaí (SP). Com a guerra tarifária, especulações consideravam o Brasil – um dos menos afetados pelas tarifas de Trump nesse sentido – como um possível lugar para investimentos na fabricação do aparelho pela Apple. Contudo, a montadora informou (via G1) que os iPhones feitos no Brasil são destinados especificamente ao mercado interno.

Mas e quanto ao preço do iPhone no Brasil? O impacto pode ser indireto, mas real. Ben Wood, da CCS Insight, disse à BBC que é improvável que a Apple queira ter preços muito diferentes globalmente, pois isso poderia incentivar a compra de aparelhos em mercados mais baratos para revenda nos EUA. Portanto, se os preços subirem nos EUA, é plausível que a Apple aumente os preços globalmente para manter a paridade, afetando o bolso dos brasileiros.

Por aqui, como sempre, o cenário é agravado por fatores locais que faz o iPhone no país figurar entre os mais caros do mundo. A montagem local de alguns modelos, como o iPhone 15, visa reduzir parte desses impostos brasileiros, mas o preço final continua significativamente acima do praticado nos EUA.

Analisando os valores do mercado americano e brasileiro nos últimos anos, dá para se ter uma ideia de qual valor poderia ser praticado por aqui.

iPhone 14: O modelo base (128GB) iniciou em US$ 799 nos EUA, com o preço sendo posteriormente ajustado para baixo (US$ 599/US$ 629) após lançamentos subsequentes. No Brasil, o lançamento foi a R$ 7.599, equivalente a cerca de US$ 1.520 na época, novamente um valor substancialmente maior que o americano.

iPhone 14. Foto: Reprodução / Apple.

iPhone 15: Lançado nos EUA com preços a partir de US$ 699 ou US$ 799 (dependendo de ativação com operadora ou modelo desbloqueado) para a versão de 128GB. No Brasil, o preço oficial de lançamento para o mesmo modelo foi de R$ 7.299, valor confirmado como sendo quase o dobro do preço americano – leia a nossa review.

iPhone 15 Pro. Foto: César Marcos/Showmetech.

iPhone 16: O modelo base (128GB) foi lançado nos EUA por US 799, enquanto no Brasil, o preço oficial inicial foi de R$ 7.799. O iPhone 16 Pro (128GB) iniciou em US$ 999 nos EUA e R$ 10.499 no Brasil – leia a nossa review.

iPhone 16 na cor rosa, preto, branco, verde e azul. Imagem: Divulgação/Apple

Observa-se que o preço oficial de lançamento no Brasil é, em média, 80% a 100% mais caro que nos EUA, após a conversão cambial. Com um consenso dos analistas em um aumento de preços entre 20% a 40%, a linha iPhone 17 poderia chegar ao Brasil com valores entre R$ 9.000 (iPhone 17) e quase R$ 17.000 (Pro Max) – os cálculos consideraram um câmbio entre R$ 5,25 e R$ 5,90 para US$ 1.

A Apple não revelou como responderá às tarifas, caso sejam totalmente implementadas, mas o movimento de transferir unidades da Índia pode indicar que a empresa esteja tentando ganhar tempo antes de rear qualquer aumento de preço. Consumidores, por sua vez, já demonstram preocupação, com alguns comprando aparelhos antecipadamente em Nova York, segundo a BBC.

Você acha que o Brasil deve ser muito afetado com o aumento do preço do iPhone pelas tarifas dos Estados Unidos? Conta pra gente nos comentários.

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Texto revisado por Alexandre Marques em 11/04/2025.

Fontes: Reuters, BBC, CNN, APNews, AppleInsider, MacRumors

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